Shelley Hennig estrelou em um episódio solo da série Mythic Quest, da Apple Tv+. O episódio 2×06 conta a história de C.W., ou Carl, um escritor que está tentando, a todo custo, emplacar seu primeiro grande lançamento. Shelley interpreta a personagem Anne Goldsmith, também conhecida como A.E., uma mulher forte e inteligente que se destaca em meio a um local de trabalho cheio de testosterona.
Hoje, 04 de junho, Shelley concedeu uma entrevista para Forbes para falar sobre o episódio, a série, sua personagem e como foi trabalhar no meio de uma pandemia. Confira a tradução da matéria:
Veja como a segunda temporada de “Mythic Quest” deu início ao período dos anos 70 no meio de uma pandemia
Fazer um live-action em um programa de TV é difícil, mesmo nos melhores momentos. Adicione um período diferente de tempo e uma crise global de saúde, e essa tarefa se torna infinitamente mais difícil. Eu não diria tão rápido que é impossível pois Mythic Quest conseguiu ter um êxito incrível no sexto episódio que desafia os limites da segunda temporada da série.
Escrito por Craig Mazin (Se beber, não case; Chernobyl) e dirigido pelo co-criador da série Rob McElhenney (também um produtor executivo e parte do elenco), “Backstory!” leva seus telespectadores de volta para 1972 quando o jovem Carl “C.W.” Longbottom (Josh Brener de Silicon Valley) começa a trabalhar como um modesto redator em uma revista de ficção científica em Los Angeles.
Querendo um dia seguir os passos de grandes escritores (Isaac Asimov, Ray Bradbury e Ursula K. Le Guin), C.W. faz amizade com seus colegas editores – Peter Cromwell (Michael Cassidy de Army of the Dead) e Anne “A.E.” Goldsmith (Shelley Hennig de Teen Wolf) – e segue por um caminho que o leva a sua famosa vitória do prêmio Nebula.
Em conjunto com a paleta de cores terrosas escolhidas pelo designer de produção Valdar Wilt e com as escolhas de moda certeiras da figurinista Sabrina Rosen (de colares grandes à óculos), a incrível cinematografia feita por Mike Berlucchi e Marc Carter lembra a obscura nostalgia de Zodíaco de David Fincher.
“Parecia que estávamos filmando um filme. Essa foi a abordagem de Rob e foi um pouco intensa no melhor sentido,” Hennig lembra durante uma entrevista pelo celular com a Forbes Entertainment. “É um presente sem data de validade. Como ator, você – às vezes – é o último a saber das coisas, [mas]Rob foi o tipo de diretor que deixa você saber de tudo, antes mesmo de você chegar no set e isso foi um presente.”
“De vez em quando, você acaba achando um trabalho que gosta, ‘Espera, espera, espera – Eu quero que esse seja meu trabalho para sempre. Eu não quero deixar esse trabalho nunca mais. Não me faça abandonar isso,’” diz Brener. “Esse foi, realmente, o sentimento com Mythic Quest.”
“AVISO! Os próximos parágrafos contém spoilers do sexto episódio da segunda temporada de Mythic Quest!”
“Nós tivemos um sucesso incrível com um episódio solo na primeira temporada e pensamos, “Bem, vamos fazer outro desses – apenas porque é divertido para experimentar e fazer coisas diferentes,” explicou McElhenney quando perguntado como o episódio foi criado. “Mas nós pensamos que invés de pegar dois personagens que não conhecíamos – ou que estivesse relacionado ao nosso elenco e série de maneira breve – talvez devêssemos pegar alguém que é um personagem principal no elenco e olhar para sua história de fundo.”
“C.W. é obcecado com histórias de fundo. Nós não sabíamos boa parte do seu passado e queríamos ir por esse caminho,” adiciona a co-criadora/produtora executiva, Megan Ganz. “Nós apenas começamos a inventar esta ideia de ver suas origens humildes [e]como ele chegou no lugar que está hoje.”
“Nós sentimos que era importante explorar a história de C.W. porque ele é o rei de histórias de fundo,” disse a produtora executiva Danielle Kreinik (também Chefe de Desenvolvimento de Televisão da Ubisoft Film & Television). “A ideia de que ele viu o futuro da narrativa em um vídeo game feito apenas com algumas linhas e um quadrado era atraente. Ser capaz de assistir C.W. transformar-se de uma criança de interior apaixonada por sci-fi, para um escritor bem sucedido, para um mestre de churrasqueira, e, então, para o criador de histórias de Mythic Quest é uma jornada comovente de testemunhar.”
Hennig compara a atuação de Brener como C.W. a assistir uma performance de ballet profissional: “Eu fiquei muito inspirada pela turbulência interna que Josh trouxe para o personagem. Ele era assustador. Ele praticamente dançou e flutuou na água em frente aos meus olhos. Eu estava muito admirada com ele.”
Já sobre a produção em si, as filmagens de “Backstory” ocorreram em Los Angeles durante um dos meses de pico da pandemia em Novembro.
“Eu acho que levou dois meses e meio,” contou Hennig sobre as gravações, qual, em tempos normais, duraria uma semana ou um pouco mais. “A gente começava, e então parava. Que Deus abençoe a equipe e produção – Eu não consigo imaginar com o que eles estavam lidando, mas eu estava pronta para a jornada. Eu estava tipo, ‘Qualquer coisa que vocês quiserem’… Fazer isso no meio de uma pandemia, eu acho que é algo que eu definitivamente nunca vou esquecer.”
“Eu me senti mais seguro no trabalho do que em qualquer outro lugar na cidade porque os protocolos de testagem eram muito rigorosos,” adicionou Brener. “Nós éramos testados todos os dias e mesmo assim todo mundo sempre estava de máscara, protetor facial, óculos e luvas. Apenas nos fazia sentir que todos estávamos cuidando um dos outros e parecia um lugar totalmente seguro.”
A vantagem do prolongamento das gravações era que Brener, Hennig e Cassidy tiveram mais tempo para criar um sentimento genuíno de camaradagem. Por causa do amor deles por sci-fi, o trio de personagens formaram um “Tripod” ( uma referência às terríveis máquinas de guerra de três pernas usadas pelos invasores marcianos na Guerra dos Mundos de H.G. Wells).
“Eu falei com Rob antes de irmos ao set… Eu me senti tão sortuda [porque]isso não acontece com frequência,” disse Hennig. “Rob e eu conversamos muito sobre a A.E e o Tripod. Muito do que estava por vir era a dinâmica de uma mulher nos anos 70… Eu acho que A.E. é a personagem mais empática que eu já interpretei… Eu estava muito animada para interpretar alguém que é tão segura de si, ela consegue lidar com todos aqueles egos masculinos em sua volta e ela faz isso lindamente e sem hesitar.”
“Nós, realmente, conseguimos conhecer um ao outro bem durante esse tempo,” Brener continua. “Eu acho que também foi porque estávamos no meio de uma pandemia, nós éramos meio que as únicas pessoas que estávamos vendo além daqueles que vemos em casa, então queríamos apenas conversar e nos conectar com outros seres humanos.”
“Eu sinto como se não tivesse limites para o que eles fazem [se referindo a Mazin e McElhenney], e é por isso que tem sido tão incrível trabalhar com eles,” contou Hennig.
No fim do episódio, torna- se bastante claro que o primeiro prémio Nebula de C.W. não foi ganho pelos seu incrível esforço. O sucesso de sua primeira novela não foi por causa de sua própria criatividade, mas por causa de uma longa reescrita, cortesia de Isaac Asimov.
Anne (A.E.) parece ser a única a perceber a verdade, e dá a Carl uma chance de falar a verdade logo depois da cerimônia de entrega do prêmio Nebula. Alerta de spoiler: ele não fala a verdade e continua a perder fama até que sua carreira fracassa e ele é forçado a vender frango assado numa feira renascentista. Algum dia ele irá admitir a verdade?
“Não. Nunca. Eu acho que Josh interpretou isso de maneira incrível,” Hennig explicou. “E então a pausa dramática e estranha… Rob disse, ‘Apenas deixe tudo acontecer lentamente…’ Ele queria que tudo fosse, realmente, devagar e nunca uma correria. Eu fico arrepiada quando chega naquela parte que eu meio que chamo atenção dele… Na minha opinião, o que Josh fez naquela cena mostra que ele nunca, nunquinha, jamais irá [admitir a verdade]. E o que eu sei sobre C.W., apenas assistindo a série, eu realmente acho isso. Mas o que eu sei? Eu não escrevo a série. Mas para mim, eu esperaria que ele nunca contasse. Eu gosto que as pessoas sejam consistentes.”